Pouquíssima vogal

- Quando a pipoca acaba se presta mais atenção no filme.


'Tem pinguim no litoral / Em pleno Carnaval/ São imigrantes/ Com suas consoantes' bradou Humberto, no que parecia o fim do show da menor banda de rock gaúcha, auto intitulada. Menor, não sei se discordo, mas pouca vogal tinha mesmo era pouco rock. Soft, folk, e até um sambinha ensaiado, como o da música que leva o nome da banda, a qual abre esse texto.
De fato, Pouca vogal tem um primeiro nome merecido. Pouca, pouquissíma. O show começou por volta das dez horas com um público fervendo após Val Donato e seu Raul do reagge e de calor - vale assim dizer. A estrutura do teatro arena, no Espaço Cultural José Lins do Rego, não tinha compatibilidade com o público trazido pelo engenheiro. Nem com o bolso dele, eu pressuponho. Foram vendidos, certamente, mais de trinta ingressos na base da superlotação. E até pessoas que compraram seu ingresso com antecipação tiveram que ficar de pé e assistir todo o show de duas horas dessa forma. Mas se a estrutura falhou, com certeza Humberto segurou com as mãos -e os pés, e a boca, e tudo o mais que ele poderia usar para tocar um instrumento - ao trazer para o público aquilo que todos ali realmente queriam e, em certo momento, fizeram com que ecoasse por todo o Espaço Cultural:
-Uh, engenheiros! Uh, engenheiros!

Concha

Dorme, dorme, Tamashi. Dorme calma e docemente.O calor emanado das mãos espalmadas vai te acalentar para sempre e cimentar-se de vazio e amargura, lacrar-se, impenetrável. Dorme, dorme, minha criança. Sonha teus sorrisos sossegados, que eles eternamente serão amparados pelas mãos divinas do Eu.
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